Mangue-negro
canoé, siriúba, siríba, sarába, mariquita, mangue-preto
Nome científico
Avicennia schauerianna Stapf & Leechm. Ex Moldenke
Família
Acanthaceae
Características morfológicas:
Árvore de 3-20 m de altura, dotada de raízes conhecidas por pneumatóforos, que emergem do solo como canudos para ajudar com a respiração.
tronco de 30-60 cm de diâmetro, de casca cinza-escura a preta, fissurada e espessa.
folhas simples, elípticas, de 5-11 cm de comprimento por 2-4 cm de largura, sustentadas por uma haste de 3-15 mm de comprimento, dotadas de pelos microscópicos, que embranquecem a folha, e de glândulas que excretam sal.
flores brancas, perfumadas e tubulares, de 6 mm de comprimento por 10 mm de diâmetro, revestidas por pelos e densamente incrustadas em pequenas espigas, dispostas nas pontas dos ramos.
fruto elíptico, levemente achatado, do tipo cápsula, esverdeado quando imaturo e amarelado quando maduro, de 2.5-3 cm de comprimento, e dotado de uma casca fina, que reveste sua única semente e se destaca em contato com a água.
semente achatada, que germina dentro do fruto ainda preso à árvore, transformando-se um propágulo, que apresenta um tendão pubescente sob o cotilédone para ajudar na fixação ao solo, e mede 28-34 mm de comprimento por 10,5-12,5 mm de espessura.
floração ocorre após o inverno, quando a temperatura aumenta, geralmente entre os meses de outubro e dezembro. Os frutos amadurecem no verão, no período dezembro-março.
uso/árvore excelente bioindicadora, recomendada para fins de monitoramento ambiental das regiões de mangue.
uso/madeira de grande parte das espécies arbóreas de manguezal, geralmente, provém boa lenha e carvão vegetal.
uso/outras utilidades A espécie tem forte tendência a acumular, em suas folhas, metais pesados oriundos de poluentes, justificando seu uso como bioindicadora. As flores servem à apicultura. Há estudos que comprovam o potencial antibacteriano dos extratos hidroalcoólicos da casca, folha e raiz.
obtenção de sementes Colha os frutos da árvore, quando estes estiverem maduros. Em seguida deixe-os imersos em água por algumas horas, até que liberem os propágulos. A retirada da casca do fruto pode ser manual, mas há riscos de se danificar o propágulo.
produção de mudas Coloque os propágulos em canteiros encharcados, contendo terra adubada e areia de rio, e irrigue com água salobra, de preferência a mesma água do manguezal em que serão plantados. O desenvolvimento das primeiras folhas ocorre em aproximadamente 1 semana. Em 4-6 meses, as mudas estarão prontas para o plantio definitivo. Outra tática relevante para a recuperação e criação de manguezais é o transplante das mudas que naturalmente surgem sob o dossel das árvores do mangue, para áreas mais iluminadas, que promovem o desenvolvimento da planta. O plantio direto do propágulo depende das condições ambientais locais e sazonais do manguezal. Em se tratando de um manguezal preservado do despejo de dejetos e esgoto, e sem desequilíbrios ambientais, o plantio direto pode ser recomendado. A espécie Mangue-preto é típica das áreas mais altas do mangue, que ocasionalmente inundam com a água das marés altas, deixando o solo com altos índices de salinidade. O biólogo Mário Moscatelli, que recupera as regiões de mangue da Baía da Guanabara, identificou a mariposa Junonia evarete como principal e atual ameaça à espécie do Mangue-negro, exigindo-lhe novas estratégias de plantio.
referêcia bibliográfica Entrevista nossa, com o biólogo Mário Moscatelli, responsável técnico do projeto Olho Verde e realizador, desde 1989, de atividades de recuperação e criação de manguezais no Estado do Rio de Janeiro | Giesen, Wim; Wulffraat, Stephan; Zieren, Max; and Scholten, Liesbeth. “MANGROVE GUIDEBOOK FOR SOUTHEAST ASIA”. 2006: FAO and Wetlands International, RAP PUBLICATION, pg. 33-34 | Ramos, M. G. M & Geraldo, L. P. “Avaliação das espécies de plantas Avicennia schaueriana, Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle como bioindicadoras de poluição por metais pesados em ambientes de mangues”. Engenharia Sanitária Ambiental, Vol.12 - Nº 4 - out/dez 2007, 440-445 | “Aviccenia schaueriana”. Old Dominion University, College of Sciences, Global Marine Species Assessment, Mangrove | SANTOS, Sidnei C. dos et al. “Avaliação da atividade antibacteriana dos extratos de Avicennia schaueriana Stapf & Leechm. ex Moldenke, Verbenaceae”. Rev. bras. farmacogn. [online]. 2010, vol.20, n.1 [cited 2010-10-19], pp. 124-129 | Voltolini, Caroline Heinig. “Aspectos morfo-anatômicos de folhas de Avicennia schaueriana Stapf & Leechm. ex Moldenke relacionados à adaptação da espécie às condições ambientais”. 2004: Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC, Ciências Biológicas, Laboratório de Anatomia Vegetal, painel exibido em congresso | Duke, James A.. “Avicennia germinans L.” 1983. Handbook of Energy Crops. unpublished.